Editorial
É hora de dizer basta

O concelho
de Oleiros foi, no passado dia 25 de julho, assolado por um
incêndio florestal de dimensões devastadoras e assassinas. Não é a
primeira vez que acontece e certamente não será a última se o
Estado continuar a olhar para estes territórios apenas com
palavras. Oleiros é um dos pulmões mais importantes do país. A sua
floresta é a riqueza de quem cá vive, mas também de quem nunca cá
veio, mas que por força deste pulmão verde consegue respirar um ar
menos poluído.
Infelizmente o discurso dos
nossos governantes repete-se, os abraços também, mas depois pouco
ou nada é feito. Um facto transversal a todos os governos. As
autarquias esforçam-se, alguns proprietários também. Há os que
limpam, os que não limpam a floresta porque lhes falta o dinheiro
necessário para a sua sobrevivência e os que não limpam porque não
querem. Quando chega, por mão criminosa (a maioria será assim), o
incêndio queima tudo e, pior que isso, tira-nos vidas
humanas.
É tempo de dizer basta. É tempo
de exigir justiça, custe o que custar. Em 2003 veio o inferno.
Devastador. Perdeu-se floresta, casas de habitação, riqueza, vidas
humanas. De então para cá pouco ou nada o Poder Central fez. Todos
os Governos deveriam meter a mão na consciência. Em 2017, outros
incêndios dizimaram uma parte importante do concelho. Mais uma vez
perdeu-se outra vida de um homem que estava a combater o fogo, de
alguém a quem o atual Primeiro Ministro recusou apoiar a sua
família, com o argumento que o fogo, em que esse funcionário da
autarquia faleceu, foi fora do calendário estabelecido em Decreto
Lei. Uma vergonha que não foi corrigida, tendo o Gabinete de
António Costa aconselhado a família a colocar o Estado em Tribunal.
Ao que chegámos.
É tempo de dizer basta. Os
oleirenses são resilientes, trabalhadores, amam a sua terra como
ninguém, mas merecem respeito. Os abraços consolam, mas não
resolvem. De uma vez por todas o Estado tem que assumir as suas
responsabilidades e vir para o terreno. Não com multas, nem coimas.
Mas com ações de emparcelamento, limpeza, reflorestação,
fiscalização e justiça para quem comete atos hediondos como colocar
a floresta a arder.
É tempo de dizer basta.