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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Março 2024 nº90 Ano XXII
Estudo com resultados positivos
Pinheiros da Isna dão mais resina por bica

Resina3Os resultados preliminares do estudo que está a ser desenvolvido na freguesia da Isna sobre a extração de resina, demonstram que os 60 pinheiros avaliados neste primeiro ano de exploração dão mais resina do que a média nacional. Quem o afirma é Marco Ribeiro, presidente da Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina e responsável pela Raízes In, entidade parceira neste projeto de investigação.
Aquele responsável, citado em nota enviada ao Oleiros Magazine, pela autarquia, revela que a resina extraída de forma tradicional em cada um dos 60 pinheiros bravos “ultrapassou o valor da média nacional de produção que se situa em cerca de um quilo e meio por bica, no primeiro ano de exploração. Na Isna, foram retirados os sacos e pesada a resina tendo cada pinheiro originado valores que rondam dois quilos desta matéria”.
Estes dados abrem boas perspetivas para uma possível exploração de resina no concelho de Oleiros. O estudo faz parte de um projeto desenvolvido desde abril por um consórcio constituído por 37 entidades, liderado pelo Forestwise – Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo, sendo a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em conjunto com a empresa Raízes In, responsável científica.
Tal como referimos em primeira mão, este projeto que no terreno está a ser implementado por um engenheiro florestal e dois resineiros da freguesia da Isna, pretende aperfeiçoar também as técnicas de exploração de resina. Daí que na segunda campanha, que se iniciará em março de 2024, seja dada continuidade à extração de resina em modo tradicional nos mesmos 60 pinheiros, mas também recorrendo a novas formas de extração de resina, utilizando, por um lado, um sistema fechado que pretende aumentar a qualidade da resina obtida e por outro, utilizando novos estimulantes biológicos que aumentem a sua produção.
Resina“Temos a estimativa que numa segunda campanha aumente a produção entre 30 a 40%. Assim, é de esperar que os valores obtidos na Isna sejam ainda mais satisfatórios no próximo ano”, explica Marco Ribeiro, na mesma nota e referindo-se à extração tradicional.
Recorde-se que o concelho de Oleiros foi dos principais produtores de resina do país, tendo mesmo uma fábrica de transformação do produto. Miguel Marques, em nota enviada ao nosso jornal, considera que os primeiros dados acabam por “não nos surpreender. Temos a plena consciência do potencial desta mancha de pinheiros bravos e o que ela pode representar, em rendimento, para os proprietários. Ficamos muito satisfeitos com os bons dados obtidos e esperamos que assim continue. Será um grande desafio e uma oportunidade para muitos proprietários que a floresta volte a gerar rendimento para se tornar sustentável”, diz.
Portugal chegou mesmo a ser líder mundial da produção de resina. Estávamos nos anos 80 do século XX. No entanto, no final da década de 90, essa atividade foi diminuindo. Por sua vez, há 50 anos, o distrito de Castelo Branco produzia um décimo do total de resina entrada nas fábricas de destilação em Portugal e gerava uma receita anual muito significativa.
Agora o país parece quere apostar num setor que já foi importante. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foram anunciados para o setor da resina uma verba que ascende aos 33 milhões de euros. Segundo a tutela, 17,5 milhões serão aplicados num projeto integrado que visa o fomento da resina natural, o reforço da sustentabilidade da indústria transformadora e a diferenciação positiva da resina natural e produtos derivados; enquanto que 15,5 milhões de euros serão destinados a iniciativas de gestão florestal e apoio à resinagem na fileira da resina natural”.
Este projeto de ensaios integra o RN21 – Inovação na Fileira da Resina Natural para Reforço da Bioeconomia Nacional e é cofinanciado pelo Fundo Ambiental através da Componente 12 – Promoção da Bioeconomia Sustentável dos fundos europeus atribuídos a Portugal pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A par de Oleiros, estão a decorrer ensaios em parcelas de pinhal em Vila Pouca de Aguiar, Nazaré, Cantanhede e Amareleja.