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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Abril 2025 nº94 Ano XXIV
Crónica
Aplausos para a boa vontade
claudia.JPGNo final deste ano os olhares de todo o Mundo estiveram postos na capital francesa, por diversas razões. Uma delas foi a da realização da conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21), na qual estiveram envolvidos 195 países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Em todos os meios de comunicação televisivos pudemos assistir a um dos mais longos e unânimes aplausos dos últimos tempos, após o estabelecimento do primeiro acordo universal de luta contra as alterações climáticas e o aquecimento global. Com ele, foi reconhecido que é urgente limitar a subida da temperatura do planeta a 1,5ºC em relação à era pré-industrial, contrariando a previsão de subida de 3ºC até 2030. Para dar cumprimento a este objetivo tão específico é imprescindível que a utilização de combustíveis fósseis pertença ao passado e que, de futuro, 100% da energia seja limpa, renovável, e que todos os países, sem exceção, enveredem por este caminho. Certos de que os países menos desenvolvidos terão mais dificuldades, estes terão que ser apoiados financeiramente pelos países mais ricos e desenvolvidos.
 
Em Portugal, e em concreto para a atividade agrícola e florestal, os cenários de evolução climática até ao final do século XXI apontam para condições progressivamente mais desfavoráveis, decorrentes da redução da precipitação e aumento da temperatura, do agravamento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos e do aumento da suscetibilidade à desertificação.
A disponibilidade de água e a capacidade de rega, a fertilidade do solo e a prevenção da erosão, a gestão de risco face aos eventos extremos e à maior variabilidade climática, o acréscimo de condições favoráveis a organismos prejudiciais às culturas e às plantas e a alteração dos sistemas fitossanitário e de sanidade animal, bem como a disponibilidade de património genético animal e vegetal adaptado às novas condições climáticas constituem os principais fatores críticos para a adaptação da agricultura às alterações climáticas expectáveis. 
 
Quanto ao setor florestal, o aumento do risco meteorológico de incêndio, a diminuição da produtividade potencial e da capacidade de sequestro de carbono bem como o aumento das condições favoráveis a agentes bióticos nocivos, constituem os aspetos mais críticos. Em relação a estes últimos (pragas, doenças e espécies invasoras) as alterações climáticas poderão promover novas oportunidades para o seu estabelecimento, não só por favorecerem o desenvolvimento das suas populações como por criarem, muitas vezes, pressões ambientais que tornam as árvores e ecossistemas mais vulneráveis a determinados organismos. É o caso dos efeitos favoráveis que o aumento da temperatura e a diminuição da precipitação possam vir a ter sobre a atividade do inseto vetor do nemátodo da madeira do pinheiro, o longicórneo do pinheiro (Monochamus galloprovinciallis), ou ainda sobre o desenvolvimento das populações de espécies bióticas nocivas com mais do que uma geração anual, designadamente de escolitídeos.
 
Assim, por tudo isto e muito mais, Portugal com cerca de 70% do seu território ocupado por área agrícola e florestal não pode descurar o seu papel na política climática e energética, havendo necessidade de rever e aumentar a sua ambição para que, já a curto prazo, se atinjam os objetivos propostos na cidade que, no final deste ano lutou contra dois tipos de terrorismo: o religioso e o ambiental. 
Estando este ano a terminar e uma vez que o início de um novo ano pressupõe sempre desejos e ambições, que a vontade de mudança global aplaudida em Paris se transforme numa realidade concretizada, o mais rápido possível!
Cláudia Mendes