Estudo sobre a cultura mediática de jovens, professores e pais
Media sociais em livro

Nove em cada 10 jovens portugueses dos nove aos 16
anos começam a usar redes sociais online antes dos 13 anos,
usando-as como fonte de informação, mas sobretudo como espaço de
entretenimento e comunicação. Ali alargam a rede de relações
sociais, que vai além das limitações geográficas, usam cada vez
mais o inglês, procuram beneficiar das oportunidades e evitar ou
responder a situações de incómodo, ao mesmo tempo que aprendem
acerca dos assuntos que mais os interessam. Toda esta atividade
ocorre sob o olhar atento de professores e de encarregados de
educação, que estão mais preocupados com os riscos a que os jovens
estão expostos nas redes sociais, do que nas oportunidades que esse
uso lhe confere. Ainda assim, professores e encarregados de
educação reconhecem potencial pedagógico às redes sociais e admitem
o seu uso no espaço formal da escola, o que já acontece, mas a
título excecional.
Os dados são de uma investigação
realizada no distrito de Castelo Branco entre 2012 e 2015, cujos
resultados são apresentados num capítulo do livro "Investigação em
media sociais: uma visão glocal", que acaba de ser publicado pela
RVJ-Editores. O livro, organizado por Vitor Tomé, Evelyne Bévort e
Vitor Reia-Baptista, conta com mais seis artigos de investigação na
área dos media sociais, escritos por investigadores de países como
Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Espanha e Estados Unidos da
América.
A investigação portuguesa foi
realizada pelo editor do Ensino Magazine, Vitor Tomé, para quem,
"em termos de usos, práticas e participação nas redes sociais, a
cultura digital dos jovens portugueses não é diferente da cultura
dos jovens de Nova Iorque, do Rio de Janeiro ou de Melbourne, como
apontam os dados da comparação dos nossos resultados com os de
outros estudos".

A investigação foi
realizada no âmbito de um projeto de pós-doutoramento financiado
pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), com o apoio da
Universidade do Algarve, do CLEMI-Paris e da Universidade Católica
de Milão. O resultado "interessa a professores, a pais e
encarregados de educação, bem como a jovens, que se podem rever nas
muitas citações de pares".
Ao nível da metodologia usada,
depois de validar três questionários específicos em função de cada
grupo, obteve resposta de 549 jovens, 267 dos seus encarregados de
educação e 150 dos seus professores. Os dados estatísticos eram
"interessantes", mas foi decidido não os publicar. "Em vez disso,
partimos desses resultados e entrevistámos 142 jovens, 20
professores e 20 encarregados de educação, sendo que todos eles
tinham participado no estudo quantitativo", afirma.
A metodologia permitiu "corrigir
algumas conclusões que resultaram da análise das respostas aos
questionários", sendo que, em alguns casos, houve mesmo contradição
o que foi afirmado nos questionários e nas entrevistas. "A vantagem
é que, com as entrevistas, foi possível perceber melhor os
resultados e entender as justificações para algumas contradições
surgidas", explica.
O livro está a ser comercializado
pela RVJ-Editores e na Loja Virtual Ensino Magazine.