Autarquia exige medidas
Incêndio retira vida a bombeiro e gera prejuízos de oito milhões

O incêndio
que deflagrou no dia 25 de julho (e que só no dia 27 foi dado como
dominado), no Concelho de Oleiros (alastrando-se aos concelhos de
Proença-a-Nova e Sertã), provocou uma vítima mortal e gerou
prejuízos de cerca de oito milhões de euros. Mais seis mil hectares
de floresta e terrenos agrícolas ficaram destruídos.
A vítima é Diogo Dias, um jovem
bombeiro de Proença-a-Nova que, no dia 27, seguia numa viatura
daquela corporação que teve um acidente durante o combate àquele
incêndio florestal. Para além desta vítima mortal, outros quatros
bombeiros ficaram feridos.
Fernando Jorge, presidente da
Câmara de Oleiros, revela que o incêndio provocou "sete a oito
milhões de euros de prejuízo". Isto porque "uma parte da floresta
era pinhal que já tinha ardido em 2003, mas há uma outra área
considerável com pinhal de 40 anos e era muito valiosa". Além de
tudo isto, diz, "tivemos o falecimento do Diogo Dias e a sua vida
vale mais que tudo o resto".
O emparcelamento das terras e o
reordenamento florestal é "urgente", adianta Fernando Jorge. "Se
não existirem medidas de fundo na Assembleia da República, dentro
de 20 anos arde tudo outra vez".
Além do acidente que vitimou o
jovem bombeiro, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção
Civil, revelou que durante o dia 27 registou-se um outro com uma
viatura dos Bombeiros Voluntários de Castelo Branco, que ardeu, em
Oleiros, sem qualquer ferido a registar. No teatro das operações
estiveram mais de 800 bombeiros apoiados por 275 viaturas, e 11
meios aéreos.
Fernando Jorge diz que as pessoas
estão desesperadas, pois perderam tudo. E lembra que se "se há
dinheiro para a TAP e para os bancos, tem que haver para fazer face
a estas situações", por parte do Governo.
António Farinha, aos 58 anos, era
o rosto dessa revolta. Salvou o rebanho de mais de 40 cabras, mas o
pasto ardeu. Tudo o resto ardeu, como referiu aos jornalistas que o
foram abordando. "Toda a vida a trabalhar para ficar sem nada",
disse.
Entre tanta calamidade, sobressai
a notícia positiva que "não houve casas de habitação destruídas",
como frisou na conferência de imprensa de rescaldo do incêndio,
Vitor Antunes, vice-presidente da autarquia oleirense.
Mas este incêndio poderia ter
sido maior. A secretária de Estado da Administração Interna,
Patrícia Gaspar disse, na mesma conferência de imprensa, que o
incêndio poderia "atingir os 20 mil hectares de floresta". A
governante aproveitou a ocasião para reforçar a ideia de que o país
não pode ter um bombeiro atrás de cada português.
Queixa na
GNR
E entre tanta aflição, houve quem
alegadamente se tentasse passar por equipas do de socorro. A
autarquia de Oleiros teve mesmo que apresentar queixa na Guarda
Nacional Republicana contra desconhecidos que se faziam passar por
elementos de socorro com duas viaturas, informando as autoridades
locais que tinham autorização do presidente daquele
município.
Em declarações ao Oleiros
Magazine, Fernando Jorge garante que "nunca deu autorização a
ninguém e que foi apresentada queixa". Segundo o autarca, esta
situação já terá acontecido noutros locais, havendo o receio que
essas pessoas entrem em povoações que tenham sido evocadas, estando
as habitações sem gente.
O Oleiros Magazine apresenta à
família do jovem bombeiro, aos amigos e à corporação dos Bombeiros
Voluntários de Proença-a-Nova sentidas condolências.