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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Março 2024 nº90 Ano XXII
Crónica
Carolino ou Agulha, a escolha que faz a diferença

226230_1946104822145_1528283821_32057036_6382741_n.JPGComo é sabido, Portugal é um dos principais consumidores de arroz da Europa. Se ao comprarmos este produto, seja numa mercearia de bairro, supermercado ou grande superfície, tivermos a noção que ao optar por determinada variedade podemos estar a favorecer o desenvolvimento económico nacional, talvez a nossa escolha seja outra. Parece tão fácil contribuir para o progresso do país… Um pequeno gesto, numa colectiva e benéfica preocupação patriótica, pode fazer a diferença …

O arroz carolino corresponde à variedade genuinamente portuguesa (por contraste, a variedade "agulha", é originária dos países asiáticos), sendo cultivada nos estuários dos rios Sado, Tejo e Mondego, onde a conjugação de factores como o solo, a temperatura, o número de horas de sol e a água, dão origem à sua singularidade.

Este é um cereal que apresenta diferentes formatos de acordo com a variedade. "Carolino" caracteriza-se por possuir um bago branco, curto e gordo, com maior poder de absorção dos sabores e um baixo teor de amilose (um dos componentes do amido). Depois de cozido, o grão fica solto, boleado e envolto num molho cremoso e aveludado.

Tradicionalmente, o arroz carolino é empregue em receitas típicas de carne (como o arroz de cabidela, de miúdos ou de pato); de peixe (como o arroz de Tamboril), eventualmente, de marisco ou de legumes (cozinhado com tomate, feijão, pimentos, favas, ervilhas, coentros ou grelos). Esta variedade é ainda empregue em enchidos (como a morcela de arroz ou os maranhos do Pinhal) e em conhecidas sobremesas (veja-se o caso do arroz doce).

Apesar das suas reconhecidas vantagens nutricionais, o facto de o arroz carolino requerer maiores exigências na cozedura, faz com que seja normalmente preterido face ao arroz agulha, de origem asiática. Assim, é comum dizer-se que "o arroz agulha é o arroz utilizado por pessoas menos experientes na cozinha".

Sabendo que o arroz alimenta mais da metade da população humana do planeta, sendo a terceira maior cultura cerealífera do mundo (apenas ultrapassado pelo milho e o trigo), será importante verificar que Portugal é autossuficiente na produção de arroz do tipo "carolino", pelo que valeria a pena apostar a sério na sua produção.

Um aumento no consumo da variedade portuguesa de arroz poderia fomentar a economia nacional. A solução prende-se com a valorização do produto, através da elaboração de estratégias para esta fileira que passam por uma promoção eficaz junto dos consumidores portugueses. Estes são apenas alguns dos aspectos a desenvolver no imediato, se nos queremos afirmar tirando partindo das nossas potencialidades.

Inês Martins
Engenheira Agrónoma