Incêndio de setembro consumiu 20 mil hectares
Autarcas escrevem ao Presidente da República
O presidente da Câmara de Oleiros classificou os
incêndios deste verão registados no concelhos de Oleiros como uma
catástrofe. No último, ocorrido em setembro, arderam cerca de 20
mil hectares de terreno, 16 mil dos quais no concelho, e os
prejuízos podem ascender aos 77 milhões de euros.
Perante um cenário dantesco como o que afetou o concelho, o
presidente da Câmara de Oleiros, Fernando Jorge, em conjunto com os
seus congéneres de Proença-a-Nova, João Lobo, e de Castelo Branco,
José Augusto Alves (os três concelhos afetados pelo incêndio de
setembro) escreveram ao Presidente da República, Primeiro-Ministro
e a outros membros do Governo.
Em todo o território as histórias de quem tudo perdeu repetem-se.
O pinhal e a floresta são o suporte das famílias que funcionam como
um banco natural, onde quando é necessário algum investimento ou
suprir alguma necessidade se vai à terra. Por onde passou o último
incêndio não deixou nada em pé. Chegou a consumir 900 hectares de
floresta por hora e foi combatido, durante três dias por combatido
por 911 bombeiros, apoiados por 311 viaturas e 11 meios
aéreos.
Fica a carta enviada pelos três autarcas:
"Como é do conhecimento de V. Exª, os nossos Concelhos de Castelo
Branco, Proença--a-Nova e Oleiros sofreram um incêndio devastador
nos dias 13, 14, 15 e 16 de setembro, tendo sido considerado o
maior fogo deste ano na Europa.
Neste incêndio, muitos habitantes que praticavam uma agricultura
de subsistência, perderam as suas hortas, pomares, vinhas e os
alimentos de animais domésticos.
Quanto às habitações não arderam casas de primeira habitação,
embora várias sofressem significativos danos, quer a nível de
janelas, portas e telhados bem como fachadas. Arderam sim, vários
anexos agrícolas (palheiros, anexos de habitações, alfaias
agrícolas, vedações, canos para rega...)
Existem vários munícipes com necessidade de apoio social e
psicológico, apoios esses que tem estado a ser dado por equipas dos
Municípios.
Acrescem a destruição de muitas infraestruturas municipais, desde
estradas a sinalética.
Com as chuvas, uma grande quantidade de carvão vai correr para as
barragens que abastecem imensas povoações incluindo Lisboa, havendo
ainda o perigo de derrocadas que se não se atuar para as evitar vão
acontecer imensos acidentes.
Para tudo isto são necessárias verbas que os Municípios atingidos
não possuem e esperam a solidariedade do Governo Central para
minimizar todos estes enormes prejuízos.
Medidas já anteriormente tomadas noutros incêndios podiam ser uma
ajuda para as populações e Municípios donde destaco:
1. Um apoio simplificado à reposição do potencial agrícola até 5
mil euros por proprietário.
2. Bonificar a madeira ardida.
3. Isentar o IRS aos proprietários que vão ser obrigados a vender
a madeira, ou permitir que as verbas recebidas da madeira ardida
possa ser incluída no IRS em vários anos (sugerindo 10 anos).
4. Um apoio para a replantação de medronheiros (considerados como
corta-fogo, mas que também arderam) e apoio para as vedações
ardidas.
5. Uma ligação viária entre Castelo Branco e Oleiros, permitindo
assim reduzir os custos das matérias-primas produzidas no Concelho
de Oleiros, diminuindo a distância em cerca de 20Km e ajudando a
combater o despovoamento.
6. Apoio quer através da APA quer da CCDR-C ou mesmo do Ministério
competente, para repor as infraestruturais agora destruídas".